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No encerramento da 6ª edição da ExpoEduc, realizado no último sábado (26), no espaço Arena Vortex do Centro de Convenções, a Secretaria Municipal de Educação de Natal participou com uma apresentação inspiradora sobre o tema “Classe Hospitalar: espaço de acolhimento, aprendizagem e inclusão”. O projeto da classe hospitalar foi apresentado pela professora da Rede Municipal de Ensino, Luiza Mônica da Silva em parceria com Jéssica Alessandra Gomes Nunes Medeiros, que detalharam a rotina, os desafios e os impactos positivos da atividade na vida de crianças e adolescentes internados.
A ação, desenvolvida em uma parceria com o Hospital Infantil Varela Santiago (HIVS), visa garantir o direito à continuidade dos estudos mesmo durante o período de internação, respeitando as condições físicas, emocionais e pedagógicas de cada estudante.
Professora da Rede Municipal de Ensino de Natal, Luiza Mônica da Silva, atualmente cedida para a Classe Hospitalar do HIVS, enfatizou a importância do acolhimento e da personalização do ensino para os estudantes hospitalizados. “Estamos aqui para dar visibilidade a esse trabalho, fruto de uma parceria entre a Secretaria Municipal de Educação e o hospital. O estudante é atendido desde o primeiro dia de internação até a alta médica. Somos a ponte entre a escola e o hospital, garantindo a continuidade da escolarização", destacou.
Durante a fala, a professora Luiza Mônica compartilhou um relato emocionante sobre o cotidiano da classe hospitalar: “Convido vocês a imaginarem um professor entrando em uma enfermaria. Ao encontrar uma criança ou adolescente, muitas vezes em procedimento médico, ouvimos: ‘Professora, vamos estudar?’. Isso ecoa no nosso coração e reafirma que o desejo de aprender não se interrompe com a enfermidade. Cabe a nós, professores hospitalares, oferecer esse conhecimento com sensibilidade e escuta pedagógica", declarou.
Ela também ressaltou que o trabalho vai além do conteúdo programático. “Nem sempre o estudante está em condições físicas ou emocionais de absorver uma aula tradicional. Levamos o plano A, B e C, literalmente. Usamos até carrinhos de feira para transportar os materiais necessários. Adaptamos a aula ao momento do aluno, ao seu estado emocional e à sua capacidade naquele instante. Isso é parte do nosso compromisso com a inclusão”, completou.
A professora também destacou a articulação em torno do serviço, que envolve uma tríade de apoio: a equipe da Secretaria Estadual de Educação, que atua no Núcleo de Atendimento Educacional Hospitalar e Domiciliar; a Secretaria Municipal de Educação, por meio do Setor de Educação Especial; e a coordenação pedagógica do próprio hospital, garantindo suporte técnico e pedagógico para a continuidade dos estudos dos alunos hospitalizados.
A coordenadora pedagógica do HIVS, Jéssica Medeiros, também participou da apresentação, trazendo a perspectiva institucional do serviço. Segundo a coordenadora, a atuação da Classe Hospitalar é respaldada por um termo de cooperação entre o hospital e as redes públicas de educação, tanto municipal quanto estadual. “Fazemos a ponte entre a escola de origem do estudante, pública ou privada, e o hospital, garantindo respaldo legal para que ele continue exercendo o direito à educação. Nosso papel é dar continuidade ao vínculo escolar, mesmo em períodos de internação longa”, afirmou.
Jéssica Medeiros destacou que muitos professores só tomam conhecimento do serviço quando são informados que um de seus alunos está hospitalizado. “Somos os professores dos alunos em condição de adoecimento, especialmente os de longa duração. Às vezes, aquele aluno que falta nas primeiras semanas do ano letivo está conosco. E é preciso que os professores saibam que a sala de aula está sendo estendida para dentro do hospital, com todo o cuidado e respeito ao planejamento”, explicou.
A coordenadora também ressaltou a origem do projeto. A Classe Hospitalar foi idealizada pela professora Simone Rocha, inicialmente voltada aos alunos em tratamento oncológico, que, devido à fragilidade imunológica, passam longos períodos afastados das escolas regulares. “A professora Simone pensou em uma escola dentro do hospital para evitar prejuízos na aprendizagem desses estudantes. E essa ideia se transformou em um serviço institucionalizado. Em 2012, a Secretaria Municipal de Natal legalizou a Classe Hospitalar, e em 2018 foi a vez do Governo do Estado. Hoje, o Rio Grande do Norte é um dos pioneiros no país a ter esse serviço garantido por lei ”, pontuou Jéssica Medeiros.